segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Desemprego em Achada Grande -Trás

A população sobrevive de biscate de biscate no armazém de Adega
Todos os dias de manhã, em Achada Grande – Trás, centenas de pessoas desempregadas, encontram-se em frente do armazém da Adega à espera da chegada dos contentores.
Para os homens, há mais de oito anos que ganham vida, desta maneira. As mulheres só começaram há um mês; foram fazer esse pedido porque não têm outra ocupação, e são chefes de famílias numerosas.
Todos os dias, esperam ansiosamente, pela chegada dos contentores. Cerca de quatrocentas pessoas, fazem grupos de 10, e em cada contentor ganham quinhentos escudos. No entanto, nem sempre os mesmos grupos conseguem fazer biscates, já que, muitas vezes, a empresa dá oportunidades a outros grupos.
Maria Augusta Fernandes, 37 anos, disse nunca ter tido um emprego fixo na vida. Maria conta que criou os seus 8 filhos lavando roupas. Com biscate que faz na Adega está satisfeita, já que, pelo menos, ganha quinhentos escudos em cada contentor. Muitas vezes, descarrega quatro contentores. Um trabalho que diz ser cansativo, mas que lhe tem dado dois mil escudos num dia. Ou seja o seu único rendimento.
“ Porque vivemos desempregados, sabemos que, de vez em quando, há contentores por descarregar aqui no armazém da Adega. Estamos aqui desde ás 7 horas de manhã.
Maria nunca teve um emprego, já tentou mas nunca conseguiu. “Ás vezes lavo roupas das pessoas, para poder sustentar a casa. Tenho 8 filhos e não tenho ajudas do pai. Cinco já são adultos e tem a sua família mas também são desempregados e tenho três menores que sofrem muito por causa de necessidade.
A nossa vida aqui em Achada Grande Trás é difícil. Deviam, pelo menos, em cada casa, dar emprego a um membro de família para melhorar a nossa situação.

“ Jovens que deixamram a escola para trabalhar”
Edmilsom Fernandes deixou de estudar no ano passado, disse por falta de meios e por causa de influências. Quer um emprego com as habilitações que tem, mas, sabe que não o consegue, tendo em conta, que no seu bairro, há jovens que terminaram 12º ano e ainda, não conseguiram um emprego. “Sobrevivemos deste biscate. Nos dias de semana, a nossa vida é vir cá e descarregar contentores. Caso vier, porque, às vezes passam alguns dias sem chegar. Quando isso acontece lamentamos muito e solução é ficar parado.

Adega é o nosso Governo. Eles sim, nos tem dado trabalho aqui nas obras, O senhor João é que nos ajuda e vê por nós aqui: homens, mulheres e crianças.
Temos é que agradecer o senhor Carlos, que há muitos anos, nos dá trabalho. Somos mais de quinze dentro de uma casa todos sem trabalho.
Carlita Leal, 20 anos, mãe de uma criança, este ano, por causa da idade, não conseguiu estudar. Carlita, sem papas na língua, criticou o governo de PAICV. “ Com a lei que esse governo criou, este ano, não consegui estudar. Passei para 11º ano, com boas notas mas não me aceitaram. O que mais me deixa triste é que aceitaram muitos alunos, colegas meus com possibilidades. Eu que sou pobre, filho de pobre não me aceitaram. Neste momento, eu poderia estar na sala de aula e, não à espera de contentor para conseguir quinhentos escudos, para poder dar algo ao meu filho.

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